Missa na Catedral de São Sebastião relembra 13 anos sem o Cardeal D. Eugênio Sales

Emocionante e repleto de lembranças, o dia 10 de julho foi marcado por uma celebração especial na Catedral de São Sebastião, onde se reuniu uma multidão para homenagear os 13 anos de saudade do Cardeal D. Eugênio de Araújo Sales. Este ato religioso, conduzido pelo Cardeal Dom Orani Tempesta, foi uma verdadeira fusão de fé e memória, atraindo a presença de numerosos religiosos, personalidades da política e fiéis devotos que não se esqueceram da trajetória inspiradora desse grande líder da Igreja. Após sua partida, em 2012, aos 91 anos, D. Eugênio deixou um legado incomparável, tendo falecido enquanto dormia, em sua residência no Bairro Sumaré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, vítima de um infarto.

D. Eugênio Sales, que veio ao mundo em Acari (RN) no dia 8 de novembro de 1920, iniciou sua jornada de vidas dedicadas a Deus em Natal, ingressando no Seminário Menor em 1931. Mais tarde, em Fortaleza (CE), expandiu seus conhecimentos em Filosofia e Teologia no Seminário da Prainha, sendo ordenado sacerdote no dia 21 de novembro de 1943.

Em um desdobramento notável, em 1954, com apenas 33 anos, ele foi nomeado bispo auxiliar de Natal pelo Papa Pio XII. Entre 1962 e 1965, D. Eugênio serviu como administrador apostólico da Arquidiocese de Natal, para então assumir a mesma função na Arquidiocese de Salvador (BA). Quatro anos depois, foi nomeado Arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, pelo Papa Paulo VI, um marco que transformaria sua vida e sua missão.

A sua passagem pela capital baiana foi repleta de mudanças significativas para a Igreja, onde ele fundou as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), a Campanha da Fraternidade e o Movimento de Educação de Base (MEB). D. Eugênio também teve um papel pioneiro na implementação do Diaconato Permanente no Brasil.

Durante o difícil período dos governos militares, D. Eugênio Sales se destacou ao auxiliar mais de quatro mil perseguidos políticos do Cone Sul entre 1976 e 1982, um feito que exigiu coragem e comprometimento, colocando sua vida em risco em prol dos mais necessitados.

No ano de 1969, o Papa Paulo VI o nomeou Cardeal Presbítero da Santa Romana Igreja, onde ele desempenhou papel crucial em onze congregações. Em 24 de abril de 1971, D. Eugênio assumiu a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, após a morte do Cardeal Jaime de Barros Câmara, atuando até 2001, quando se aposentou aos 80 anos. Seu lema episcopal, “Impendam et Superimpendar” (2 Cor 12,15), traduz seu profundo compromisso com a Igreja: “De muito boa vontade darei o que é meu, e me darei a mim mesmo pelas vossas almas, ainda que, amando-vos mais, seja menos amado por vós”.

Quando D. Eugênio faleceu, em 9 de julho de 2012, o Papa Bento XVI lamentou profundamente sua morte e honrou sua longa vida de serviço à Igreja no Brasil. No telegrama, o Santo Padre expressou: “Recebi a triste notícia do falecimento do venerado Cardeal Eugênio de Araújo Sales”. Ele elevou suas preces a Deus, pedindo que acolhesse D. Eugênio em sua eterna felicidade.

Além disso, o cardeal foi fiel à Carta Apostólica Quinque jam anni, escrita pelo Beato Paulo VI, na qual eram convocados os religiosos a proclamar a Palavra de Deus, ajudando o povo a crescer na fé e na compreensão da mensagem cristã.

Segundo relatos de Monsenhor André Sampaio, uma das marcas indeléveis da liderança de D. Eugênio foi sua preocupação com os bispos do Brasil, compartilhando com eles experiências pastorais essenciais. Ele acreditava que “um bispo se torna um bispo entrando na comunhão dos bispos”. Sua visão sobre o magistério episcopal assegurava que a Igreja continuasse a ser um testemunho fiel de Jesus Cristo.

André Sampaio recordou momentos valiosos de convivência com D. Eugênio, ressaltando seu amor pela amizade e fidelidade aos princípios cristãos. “Eu vivi junto de um padre santo! Quantas lembranças, quantas saudades! Descanse em paz, Dom Eugênio Sales, magno pastor desta Igreja Arquidiocesana de São Sebastião do Rio de Janeiro”, concluiu, evocando a esperança que D. Eugênio sempre transmitiu a todos ao seu redor.