Será que Elon Musk realmente pode criar um terceiro partido viável nos EUA?

Será que estamos à beira de uma reviravolta no cenário político americano? Imagine um futuro onde o bipartidarismo, tão arraigado na política dos EUA, é desafiado por uma força disruptiva. Elon Musk, conhecido por suas ambições espaciais e inovações tecnológicas, estaria planejando revolucionar o sistema político com um novo partido? A resposta pode surpreender você e mudar a forma como você vê o futuro da política americana. Será que ele realmente pode criar um terceiro partido viável nos EUA?

Lançar um novo partido político nacional nos Estados Unidos pode ser mais complexo do que enviar um foguete a Marte. Elon Musk, figura de destaque no mundo dos negócios e um dos maiores doadores políticos do país, manifestou o desejo de realizar ambos. No entanto, enquanto a exploração espacial avança gradualmente, a história recente da política americana é marcada por inúmeras tentativas frustradas de quebrar o domínio do sistema bipartidário.

Ainda pairam dúvidas sobre a seriedade de Musk em relação a esse projeto político e se suas ideias, inicialmente divulgadas em sua plataforma de mídia social, se concretizarão. Apesar de ter declarado a formação do “Partido América”, até o momento, não há registro oficial na Comissão Federal de Eleições.

Assim como em outras declarações via Twitter, os planos de Musk para o novo partido permanecem nebulosos. Suas discussões têm sido majoritariamente conceituais, sem foco nos detalhes práticos necessários para a implementação, segundo fontes próximas às conversas. Contudo, alguns assessores de Musk parecem mais engajados nos detalhes e buscam opiniões de especialistas.

Assessores de Musk indicaram que planejam utilizar um super comitê de ação política para organizar o apoio inicial ao novo partido, antes de sua formalização.

Musk afirmou que o Partido América seria uma nova entidade, visando romper a hegemonia dos dois grandes partidos no governo federal. Essa proposta, no entanto, enfrenta um ambiente político polarizado e hostil a alternativas que desafiem o status quo.

Caso Musk abandone a ideia, não seria a primeira vez que ele faz uma declaração ousada em sua plataforma X para depois recuar ou deixar a iniciativa morrer. No entanto, algumas ideias que começaram como especulações de Musk, como a aquisição de ações do Twitter, se transformaram em investimentos de grande impacto.

Pesquisas de opinião pública revelam um desejo dos americanos por opções além dos dois partidos tradicionais, embora candidatos de terceiros partidos raramente obtenham sucesso nas eleições. A viabilidade de um partido conservador que defenda os valores da família e da livre iniciativa, em oposição às políticas de viés esquerdista, socialista ou excessivamente populista, dependerá da capacidade de Musk em mobilizar eleitores descontentes com o establishment.

Se Musk persistir em seu projeto do Partido América, enfrentará desafios significativos, tanto financeiros quanto políticos. O caminho para estabelecer um novo partido no cenário político americano é árduo e requer um investimento considerável em recursos e estratégias.

Musk se vangloriou de que seu plano para transformar a democracia americana seria simples, sugerindo um conhecimento superficial das complexas leis estaduais de acesso às cédulas e das regulamentações federais de financiamento de campanhas. As exigências de assinaturas para candidatos ao Congresso por um novo partido variam significativamente entre os estados. Na Geórgia, por exemplo, candidatos fora dos dois grandes partidos precisam coletar 27.000 assinaturas em seu distrito, um obstáculo que tem impedido a participação de terceiros partidos desde 1943, segundo Richard Winger, editor do Ballot Access News.

Qualificar uma lista de 435 candidatos à Câmara exigiria um número de assinaturas três vezes maior do que o necessário para colocar um candidato presidencial na cédula em todos os estados, com um custo estimado de mais de US$ 50 milhões apenas para a coleta de assinaturas, conforme Winger.

“Estive em uma chamada no Zoom ontem com pessoas falando sobre isso”, disse Winger. “Muitos deles previram que ele é o tipo de pessoa que, quando descobrir o quão difícil isso é, vai desistir.”

A criação de um partido político exige um compromisso duradouro e uma equipe dedicada. A escolha de pessoas para montar um novo partido em nome de Musk é crucial. Alguns temem pelas perspectivas de carreira de assessores republicanos que se envolverem em um esforço anti-Trump. O ex-presidente Donald Trump é conhecido por punir consultores republicanos que se associam a seus oponentes.

Isso pode deixar Musk dependente de operadores mercenários que buscam ganhos financeiros, dispostos a enfrentar danos à reputação junto aos republicanos nacionais se a remuneração for alta o suficiente.

Nos últimos dias, indivíduos ávidos por dinheiro têm realizado pesquisas e desenvolvido propostas na esperança de apresentá-las a Musk, dedicando tempo excessivo à análise de suas postagens nas redes sociais.

Além de partidos menores como os Libertários e os Verdes, que conseguem se qualificar para as cédulas e influenciar eleições gerais, os terceiros partidos americanos geralmente têm vida curta. O Partido da Reforma, criado por H. Ross Perot para sua campanha presidencial em 1992, desapareceu após a eleição de Jesse Ventura como governador de Minnesota em 1998 e a recusa de Trump em concorrer à presidência em 2000.

Perot obteve 19 milhões de votos em 1992 com uma plataforma populista que, em alguns aspectos, antecipou a ascensão de Trump. Até o momento, Musk não defendeu nenhuma agenda política concreta além da redução do déficit e críticas a Trump.

O Unite America, projeto da década de 2010 para lançar candidatos centristas, interrompeu a indicação de candidatos após a eleição de 2018 e redirecionou seu foco para pressionar por mudanças nas leis eleitorais que facilitem o sucesso de candidatos independentes e de terceiros partidos.

Musk pode ainda não ter clareza sobre seus objetivos. Em sua rede social, ele sugeriu a realização de um Congresso do Partido América em Austin, Texas. Ele manifestou interesse em focar em “2 ou 3 cadeiras no Senado e 8 a 10 distritos da Câmara” nas eleições de meio de mandato de 2026. Caso esses candidatos vençam, eles “formariam um caucus independente”, mas “discussões legislativas seriam feitas com ambos os partidos.”

A equipe de Musk ainda não tomou medidas operacionais significativas para estruturar o partido. No X, ele tem recebido feedback sobre o esforço do Grok, chatbot de inteligência artificial de sua empresa.

Limitar suas ambições a um número restrito de disputas pode não corresponder à autoimagem grandiosa de Musk, mas pode gerar um retorno melhor sobre o investimento.

Apesar de todo o debate sobre a criação de um novo partido, Musk pode achar mais fácil trabalhar dentro do sistema existente. No Congresso, muitos republicanos expressam descontentamento com Trump, mas poucos ousam desafiá-lo publicamente.

Musk se comprometeu a apoiar o deputado Thomas Massie, republicano do Kentucky, que enfrenta um possível desafio na prévia por um apoiador de Trump.

Vários veteranos de partidos menores sugeriram que Musk poderia se aliar a um partido já existente que tenha linha na cédula, como os Libertários. Essa estratégia pode ser mais eficiente do que tentar construir um partido do zero, enfrentando as complexidades e os desafios do sistema eleitoral americano.

Nick Troiano, diretor executivo do Unite America, propôs que Musk poderia obter um retorno político maior persuadindo republicanos incumbentes a se alinharem ao seu novo esforço do que tentando eleger novatos para o Congresso. Se a equipe de Musk operar como um bloco dentro do Partido Republicano ou formar uma organização totalmente nova, a união dos membros do Congresso alinhados a Musk será fundamental para resistir aos ataques de Trump.

“Se a coisa mais difícil é eleger um candidato de terceiro partido ou independente para o Congresso, a oportunidade negligenciada é quem está lá que poderia potencialmente desertar para um novo esforço se tivesse apoio para ser reeleito”, disse Troiano. “Agora, as opções são continuar uma existência miserável no partido, se aposentar ou tentar algo novo.”