Conexão Explosiva: A munição utilizada na execução de um delator do PCC pode ser a chave para desvendar uma teia de corrupção e negligência que assola o sistema de segurança pública! Será que o Estado está financiando o crime?
Uma análise forense revelou que parte da munição empregada no assassinato de Vinícius Gritzbach, informante que expôs os podres da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), compartilha o mesmo lote de projéteis utilizados em um audacioso mega-assalto a três agências bancárias em Botucatu, no interior paulista, em 2020. A informação foi obtida através de laudos periciais analisados pelo Instituto Sou da Paz, os quais integram os inquéritos que investigam possíveis ligações entre a polícia paulista e a facção criminosa.
Diante das graves acusações, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) se manifestou, afirmando que as polícias paulistas mantêm rigorosos protocolos de controle e distribuição de munições, e que qualquer suspeita de desvio é apurada com o máximo rigor. A pasta garantiu que, em caso de comprovação de irregularidades, as medidas disciplinares e judiciais cabíveis serão tomadas. A SSP-SP informou ainda que, no caso do assalto em Botucatu, os criminosos utilizaram munições desviadas de diferentes instituições de segurança.
Vinícius Lopes Gritzbach, a vítima, alegava estar sob ameaça de morte por parte do PCC, em decorrência de supostos desvios de recursos da organização criminosa. Além disso, ele havia denunciado o conluio de policiais com membros do PCC e contava com escolta privada, realizada por policiais militares. Gritzbach foi alvejado por quatro disparos ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, em 8 de novembro.
De acordo com o Instituto Sou da Paz, os três lotes de balas de fuzis encontrados nas duas ocorrências – o assassinato de Gritzbach e o assalto aos bancos – foram adquiridos pela Polícia Militar do Estado de São Paulo entre 2013 e 2018.
“Analisamos os laudos e as requisições feitas a diversas instituições sobre a origem dessas munições. Constatamos a existência de uma sequência numérica, tanto na munição encontrada em Botucatu quanto no Aeroporto de Guarulhos. Trata-se de munição do mesmo lote adquirido pela PM do estado de São Paulo”, declarou Carolina Ricardo, diretora-executiva do Sou da Paz.
Para a diretora, diversos pontos são relevantes nessa questão. “No caso de Vinícius (Gritzbach), identificamos policiais da ativa, civis e militares, o que demonstra um envolvimento preocupante de policiais com o crime. Além de os próprios policiais serem suspeitos de participar do assassinato do delator, ainda temos essa munição comprada pelo Estado sendo utilizada pelo crime organizado no assalto.”
Carolina Ricardo acredita que não se trata de casos isolados. “São quase cinco anos de diferença, em lugares muito diferentes do Estado de São Paulo, o que gera a suspeita de que esse lote pode ter sido enviado para outros lugares. No caso de Botucatu, também foram encontradas munições desviadas da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Exército.”
Os ofícios das corporações anexados aos inquéritos revelam que foram utilizados quase 50 lotes de munições diferentes no ataque em Botucatu, que incluiu disparos contra batalhões da PM e viaturas da Guarda Municipal. Foram empregadas munições de 13 lotes da PM, além de outros lotes do Exército, Aeronáutica, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal, incluindo pistolas 9 mm e ponto 40, e fuzis 556 e 762.
O lote que teve munição utilizada em Botucatu foi adquirido no mesmo mês em que foi comprado o lote da munição empregada em Guarulhos.
A especialista considera uma demonstração “muito grave” da falta de segurança do acervo de armas das polícias. “A marcação de munições é crucial para a investigação. No Brasil, o Estatuto do Desarmamento exige apenas que as munições institucionais das forças de segurança sejam marcadas em lotes de até 10 mil peças. Quanto maior o lote, mais difícil de rastrear. Precisamos ampliar a marcação, inclusive para a munição civil.”
O ataque a três agências bancárias de Botucatu, em julho de 2020, por uma quadrilha com 40 integrantes, transformou a cidade em um cenário de guerra. Houve explosões, pessoas feitas reféns nas ruas e intenso tiroteio. Os criminosos incendiaram cinco veículos, dispararam contra uma viatura e contra uma unidade da PM. Uma agência ficou destruída pelas explosões.
Em dois carros abandonados pelos suspeitos, a polícia encontrou fuzis, munição e dinheiro. Dois policiais ficaram feridos e um suspeito morreu baleado durante a fuga.
Na época, as investigações apontaram que os criminosos eram ligados ao PCC. A investigação também indicou conexões entre a ação em Botucatu e assaltos semelhantes ocorridos em maio daquele ano em Ourinhos e em setembro de 2018 em Bauru.
De acordo com a SSP, as investigações sobre o homicídio ocorrido no Aeroporto de Guarulhos, no qual o delator do PCC foi assassinado, seguem em andamento sob sigilo. “Até o momento, 28 suspeitos já foram presos e mais detalhes serão preservados para não prejudicar o andamento dos trabalhos”, informou a secretaria.
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