Em todas as sociedades de classe, a classe dominante necessitou de auxiliares para a manutenção da exploração dos trabalhadores. Dependendo do momento histórico e do modo de produção.
Por *Ranulfo Vidigal
Dentre as contradições do Brasil – o país do futuro, que “desenvolveu cinquenta anos em cinco” sob a batuta de JK – é que, a despeito de sua modernização (conservadora), ele apresenta relações retrógradas, bem como um capitalismo de compadrio, recordista de crescimento dos lucros, mas configurado como um dos mais desiguais do mundo.
Nesse contexto, sobressaem no debate corrente as projeções sobre nosso destino, ou as oportunidades que ainda restam para superar tanta miséria e tanta riqueza potencial.
Todas as sociedades de classe conheceram duas classes fundamentais (senhores de escravos e escravos, senhores feudais e servos, burgueses e proletários). Mas há, também, outros setores da sociedade que não são nem da classe dominante nem da classe trabalhadora.
Em todas as sociedades de classe, a classe dominante necessitou de auxiliares para a manutenção da exploração dos trabalhadores. Dependendo do momento histórico e do modo de produção, esses auxiliares podem ser mais ou menos numerosos, podem ter uma maior ou menor participação na riqueza que a classe dominante expropria dos trabalhadores, podem ter uma formação cultural mais ou menos elevada e assim sucessivamente.
Os funcionários estatais (soldados, magistrados, religiosos, burocratas ou carcereiros, etc.) são os auxiliares mais típicos das classes dominantes ao longo da história e, na quase maioria dos casos, são assalariados. Esse segmento vive hoje um processo acelerado de achatamento de seus rendimentos, perspectiva de futuro e ilusões.
Não há como negar, os últimos anos escancararam a nossa desintegração nacional, vide os desastres ambientais de Mariana (MG) e agora no rico Rio Grande do Sul. Ou a guerra diária da PM nas periferias cariocas e sua marca violenta. Estamos diante da desconstrução do pacto da Nova República e da inegável desilusão com o fim da última rodada de modernização para o desenvolvimento.
Não esqueçamos, o Brasil é fruto de seu tempo e enfrenta uma espécie de colapso da sociabilidade imaginada nos anos das “Diretas Já” e do Programa do Doutor Ulisses (MDB) – Esperança e Mudança. Esse processo destrutivo ganha aderência social à medida que se disseminam, como um vírus, o medo e o ressentimento, com o fim das formas sociais de mediação vigentes outrora.
O ponto chave é que tínhamos um Brasil conservador, mas desenvolvimentista, por exemplo entre 1930 e 1980. Enquanto hoje temos a combinação de um pacto ultra conservador (mesmo com um governo social liberal no poder) e um modelo anti-desenvolvimentista. E mais, se alguém se arrisca a sair desse figurino status quo ganha editoriais enfurecidos da mídia empresarial.
Aliás, neste momento alguns editoriais defendem um ajuste fiscal severo recaindo no lombo dos mais pobres e dos aposentados. Justiça seja feita, o Monitor Mercantil contrasta este viés!
Nas palavras da grande intérprete da alma brasileira, a economista portuguesa Maria da Conceição Tavares, que nos deixou mês passado: “nossas elites sempre chamam o Estado brasileiro a intervir com o propósito de manter a segurança e o domínio patrimonial das classes proprietárias. Dois medos rondam o sono dos donos do poder, o medo do império e o medo do povo”. Contudo, tenhamos esperança, pois tudo pode mudar.
Resumo da ópera: incluir o povo no pacto democrático é a nobre tarefa que nos espreita!
*Ranulfo Vidigal – economista
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